Edição 137 – 2012
Mais eficientes ou mais produtivas?
 

O consumo de cana-de-açúcar e a produção de etanol cresceram quando as políticas começaram a incentivar a redução da dependência de importações, adicionaram o etanol à gasolina e destacaram as energias renováveis. Esse cenário levou ao desenvolvimento de novas tecnologias como o fracionamento a seco, plantas menores e mais complexas, melhoramentos genéticos, novo cooperativismo, novas enzimas e caminhos de fermentação, sistemas de cogeração mais eficientes, tratamento e reuso de água, e eficiência em motores e turbinas. De uma maneira geral, ainda existem vários pontos de ganho, como fermentação com o alto teor alcoólico, leveduras selecionadas, otimização da fermentação com melaço, e também no preparo e evaporação do caldo com o melhor controle de pH e automação do sistema.

Em outros pontos do processo há estudos com novas fontes de matéria prima, melhorias na qualidade da matéria prima visando ao seu impacto na indústria, melhoria no controle analítico que leva a um aumento da produtividade e diminuição de perdas, além do uso do bagaço para obtenção de produtos de maior valor agregado - álcool e biodiesel de 2ª geração. Para o diretor de Serviços Locais da Pöyry, Jorge Telles, no setor sucroenergético há espaço para ganhos de produtividade em eficiência energética, aproveitamento da palha, fermentação alcoólica, captação "zero" de água ou até mesmo comercialização da água vinda na cana, grau de automação das unidades e aproveitamento de subprodutos e obtenção de novos produtos da cana de açúcar. Quando se fala em eficiência energética no setor, logo se pensa todo o bagaço "produzido" na moenda deve ser queimado (ou vendido). Dependendo da quantidade de fibra contida na cana, a relação kg de vapor por tonelada de cana já está obrigatoriamente estabelecida, ou seja, está-se obrigado a condensar todo o vapor gerado – e nenhuma água desmineralizada pode ser perdida!

Em média, a quantidade de vapor é de duas vezes a do bagaço. Todo o vapor gerado deve passar pelas turbinas e gerar torque e rotação no eixo – 100% deveriam ser gerado como energia elétrica e ser distribuída pelos diversos consumidores internos, como o acionamento da moenda, as centrífugas de açúcar e de levedo, o bombeamento das águas industriais, e a diferença do gerado e do consumido internamente deve ser exportada (vendida) para a rede elétrica. "Temos que considerar o grau de automação da moenda e as novas tecnologias de controle de pressão individual dos rolos, que são pontos de ganho no sistema" pontua o diretor técnico do Biomass Energy Research Institute – Benri, Luiz Francisco Lomônaco da Silva. Quando se fala em consumo de vapor temos que analisar as usinas sob dois ângulos: as usinas antigas, que possuem um consumo energético que oscila muito (aproximadamente 500 a 600 Kg de vapor por tonelada de cana processada) e as novas usinas que vêm sendo construídas com eficiência em torno de 350 Kg de vapor por tonelada de cana. O benchmark deve estar entre 320 a 350.

Aí entra a questão estratégica de cada empresa e mesmo do mercado porque, hoje, produzir energia é a realidade mais forte, mas o bagaço pode vir a fazer parte de outros processos, dependendo da viabilidade. A Dedini pontua que os ganhos de rendimento energético decorrem de dois tipos de solução: para consumir o mínimo de energia (elétrica ou térmica na forma de vapor, por exemplo) nos processos internos da produção de açúcar e etanol, e, com isso, gerando o máximo potencial de sobra de bagaço; ou aproveitar ao máximo a energia disponível na usina, e proveniente da cana, ou seja, maximizar o aproveitamento energético do bagaço e, se for o caso, também da palha e de outros subprodutos.

Mas é necessário considerar que existem usinas que entraram em operação nos últimos anos e as mais antigas. No grupo de usinas novas, os principais pontos de aumento de eficiência energética e sustentabilidade podem estar localizados em várias áreas – como na extração de caldo, com adoção de acionamento elétrico; na concentração do caldo, com sistemas de evaporação de múltiplos efeitos; na fermentação, com a adoção de fluxos concentrados; na geração de energia, com a otimização energética do conjunto e adoção de caldeiras de alta pressão; na destilação, com a produção de vinho com maior concentração de etanol; na produção de açúcar, com a adoção do refino direto do açúcar branco; e com adoção de sistemas de automação e controle de ultima geração.

No grupo das usinas antigas, as tecnologias utilizadas consideravam um investimento inicial mínimo, porém, com baixa eficiência energética de uma maneira geral. Como a venda de energia elétrica para a rede é negócio relativamente recente, não havia motivo para alto investimento em otimizar o rendimento energético. Por isso, é necessário um estudo individual para a introdução de novos equipamentos ou melhorias, podendo existir casos em que o custo das modificações seja equivalente ao de se implantar novos setores completos e uma nova central de cogeração – e a análise requer uma cuidadosa verificação do custo versus benefício. "Com referência à fermentação alcoólica, a evolução nos últimos anos ocorreu em processos contínuos, onde a estabilidade desse processo produziu ganhos de rendimento e produtividade. Podemos citar também os atuais desenvolvimentos com cepas mais tolerantes à concentração de etanol, objetivando redução de consumo de vapor no processo de destilação e redução de volume de vinhaça gerado. Concentradores de vinhaça também já são realidade em algumas usinas e já estão sendo considerados em projetos de novas unidades", pontua Telles.

O executivo da Pöyry lembra que existem muitas pesquisas em andamento no setor, com foco em melhoria de produtividade, como as pesquisas com genética de leveduras para fermentação, o álcool de segunda geração, e "outros produtos" que podem ser obtidos a partir de açúcares da cana, do etanol e do bagaço ou palha da cana. Algumas pesquisas já se tornaram realidade como a produção de produtos alimentícios como levedura (fonte de proteína), glutamatos, glicose, xilose, ácido cítrico; solventes como a acetona e o butanol; ácidos como o ácido propiônico, acético e muitos outros produtos que em breve estarão sendo implantados em usinas. "Não temos dúvidas que o setor sucroenergético dará um salto importante para a implementação de novas unidades, mais eficientes" Mas Luiz Francisco ressalta que as medições de ganho são relativas e dependem do estágio de cada unidade. "Com a tecnologia atual de medições, há grande dificuldade de determinar os rendimentos internos do processo sucroalcooleiro, principalmente na fermentação. Assim não é conveniente colocar números, mas estudar caso a caso, observando as demais variáveis do processo e assim poder avaliar o real desempenho do setor".

A dificuldade de medir as melhorias para melhor avaliá-las encontra outro obstáculo: se no setor agrícola as pesquisas se multiplicam, no setor industrial elas são muito escassas e são estão concentradas no setor privado, não na academia – o que dificulta uma melhor difusão. O dinheiro disponibilizado pelo setor e pelas próprias instituições governamentais para estas pesquisas são insuficientes.




Os caminhos
 

Os processos do setor sucroenergético estão maduros, mas mesmo durante a Rio+20, as perspectivas para o etanol foram discutidas e destacou-se que ainda há espaço para melhorias significativas, principalmente na utilização dos biocombustíveis a partir da cana na agricultura e transporte mas também nos processos das usinas. Muitas coisas novas foram introduzidas no setor como a fertirrigação com vinhaça, bateladas melhores e processos semi-fermentativos e cogeração com caldeiras de alta pressão, mas ainda há espaço para otimizar e tornar mais sustentáveis vários pontos do processo de produção de etanol – como a logística e uma inserção mais forte do etanol nos veículos agrícolas, por exemplo.

A própria expansão de área plantada está intimamente ligada às maiores capacidades das plantas – tomando São Paulo como exemplo, em 1999 uma usina processava cerca de 1,4 milhão de toneladas de cana por ano mas já em 2009 esse total era de 2 milhões de toneladas por ano e hoje existem unidades que podem chegar a 8 milhões de toneladas por ano! Isso ressalta a importância da logística e das unidades de produção estarem mais perto de seus fornecedores de cana, terem plantas disponíveis e modernas, eficientes e rentáveis.

O diretor da Reunion Engenharia, Jorge Luiz Scaff, esclarece que eficiência industrial é a relação entre o que efetivamente foi produzido e aquilo que poderia ter sido produzido – e pode ser expressa em ATR, em pol, etc. A eficiência industrial é adimensional, expressa em %. "Logo, a diferença entre aquilo que deveria ser produzido e o que foi efetivamente produzido, chamamos de perdas industriais. E eficiência industrial seria 100% menos as perdas industriais. Vamos imaginar que as perdas industriais sejam 10%, ou seja, teremos 90% de eficiência industrial. Então, trabalhar para o aumento da eficiência industrial significa trabalhar na diminuição das perdas industriais - identificadas e/ou indeterminadas".

A melhor maneira de atuar sobre as perdas identificadas é ter uma ação muito rápida, porque já se sabe quem ela é, onde está e qual seu valor – basta agir. Nas perdas indeterminadas são mais difíceis de atuar. Primeiro, ela precisa ser real e não contábil. Devem-se evitar decisões sob avaliações pontuais – de um dia, por exemplo. Incluam-se aqui as avaliações equivocadas em processo: no dia seguinte a uma grande perda industrial contábil, a eficiência industrial sobe para valores acima do normal. "Os passos são: tentar identificar, depois qualificar e, por fim, quantificá-la. Aqui na Reunion temos vários casos de melhorias de eficiência industrial. Nossa atuação se dá na capacitação dos técnicos. Por mais automatizado que o sistema esteja, é o técnico que atuará e deverá tomar as decisões quando algo de anormal acontecer.

É preciso capacitar operadores e gestores para que as decisões sejam corretas e rápidas", resume Scaff. Já quando se fala em rentabilidade, fala-se em rendimento e envolve a qualidade da matéria prima e o seu custo, a eficiência na transformação para os produtos finais, uso de subprodutos, a escolha do mix de produção e também os valores de venda destes produtos – essa rentabilidade pode ser expressa em R$/t cana, em R$/ha, kg açúcar/t cana, etc... Então, como atuar para melhorar a rentabilidade de uma planta industrial? Mudanças tecnológicas, gestão e escolhas corretas. Mudanças tecnológicas tendem a melhorar o rendimento industrial de uma maneira global.

Aumento de eficiência industrial também contribui para aumento de rentabilidade. E os ganhos potenciais são estudados caso a caso. Ainda há espaço para ganhos através de bom planejamento e melhor capacitação do operacional. "Numa necessidade o ser humano corre atrás de uma solução. Por exemplo, a cogeração: apareceu a necessidade por conta da escassez de energia no Brasil. Buscou-se uma alternativa que pudesse exportar mais energia dentro do setor que foi, por exemplo, operar com pressões mais altas, substituir as turbinas de baixa eficiência termodinâmica e eletrificar todos os acionamentos. Nesse caso, trocar máquinas que são de baixa eficiência termodinâmica da moenda e do preparo por uma máquina como uma turbina de alta eficiência – que é a turbina do gerador: isso nasceu da necessidade de buscar excedentes em exportação", lembra Scaff.

Mas ainda existem usinas no Brasil que não partiram para a cogeração. Continuam trabalhando com caldeiras de baixa pressão e resultam em maior relação em R$/ha. Na Alemanha a relação de quilos de vapor por tonelada de cana em usinas é de aproximadamente 230 quilos – o consumo médio no Brasil está entre 440 a 480. Scaff ressalta que um dos trabalhos da Reunion é reduzir a demanda térmica de processo para que o restante do bagaço possa ser convertido em vapor e esse vapor possa ser atuado em turbina de condensação, gerando excedentes de energia elétrica.

Mas nem sempre transformar esse vapor em energia elétrica é a melhor alternativa. Por exemplo, se temos um local onde o valor do combustível está muito caro, é melhor investir, primeiramente, na indústria para se reduzir a demanda de vapor e, com isto, sobrar mais bagaço, capitalizar a empresa e a partir daí investir numa termelétrica. Dependendo do caso, pode ser melhor investir na redução de demanda de vapor da planta. E aí, a melhor alternativa é fazer uso da palha da cana: levar para dentro da usina, separar corretamente, mesclar com o bagaço e alimentar a caldeira preparada para trabalhar com palha. "Mas vale frisar que estamos vivendo uma fase de transformação tecnológica no que se refere a queima de palha com bagaço", lembra Scaff. É possível tirar mais pol da cana do que se tivesse uma turbina tendo hoje o motor elétrico, mas isso não está 100% comprovado.

Os fabricantes do redutor e do motor vão dizer que sim, mas não há comprovação que existem ganhos na extração por ter eletrificado individualmente os ternos das moendas – os acionamentos são apenas parte integrante de um equipamento responsável pela eficiência do processo como um todo. "Lembrando que o ganho não é na quantidade de açúcar retirado da cana. É que se tirou uma máquina, uma turbina velha com baixa eficiência e passou esse vapor para uma turbina no gerador de alta eficiência. E o excedente dessa energia é disponibilizado para venda".

O uso de redutores – uma exigência das máquinas rotativas – pode se tornar um grande ganho das empresas no momento da escolha do redutor mais adequado em relação a valor do investimento, eficiência, confiabilidade, assistência técnica versus facilidade de manutenção, estoque de sobressalentes, etc. A aplicação inadequada do Fator de Serviço (relação potência consumida versus potência do redutor) pode se traduzir em paradas operacionais, custos de manutenção e lucros cessantes.

Consumo e tipos (custos) dos óleos empregados também devem ser avaliados – a avaliação errada da carga térmica pode provocar deterioração precoce do lubrificante, ocasionando desgaste prematuro das engrenagens e troca das cargas de óleo em menor período. Todas as etapas de uma usina são acionadas por redutores e motoredutores de velocidade, e necessitam de sistemas de acionamentos bem dimensionados, onde ocorram sistematicamente manutenções preventivas e preditivas para otimização da produção. "Para uma usina que em média, moí 5 mil toneladas ao dia e aproximadamente, 1,8 milhão de toneladas ao ano, um erro na aquisição dos acionamentos principais, é sinônimo para queda de faturamento, prejuízos e muita dor de cabeça", ressalta o presidente da Sumitomo, Marcelo Kuramoto. A ABB pontua que a utilização correta dos motores e inversores pode gerar uma economia de energia de até 30% da potencia instalada nas caldeiras.

Nos últimos anos devido à possibilidade de cogeração, houve um aumento da capacidade de produção de vapor das caldeiras, consequentemente o aumento da potência dos motores e seus respectivos acionamentos – inversores de frequência e softstarts. A utilização dos inversores de frequência pode gerar uma grande economia de energia, mas é importante analisar o comportamento da rede elétrica, pois a utilização destes equipamentos pode gerar uma quantidade de harmônicos, que eventualmente pode prejudicar outros equipamentos. Além disso, a ABB está lançando no mercado mundial um novo conceito de motores elétricos que pode gerar mais economia para aplicações em bombas centrifugas e ventiladores.

Novas plantas já são concebidas utilizando o conceito de controle de vazão de água (bombas centrifugas) ou de ar (exaustores e ventiladores) por inversores de frequência, em relação ao controle tradicional de válvulas e dampers – podendo gerar economia de energia de no mínimo 30 %, dependendo do processo. Para a usina dispor de mais energia para exportação, a substituição de motores antigos de baixo rendimento por motores de alto rendimento conforme a NBR 17094-1, deveria ser uma prática mais comum. Outra tecnologia que vem agregando valor é a Peneira Rotativa à Pressão - PRP, construída para contribuir com a redução da quantidade de impurezas do caldo misto aumentando a produtividade da planta.

No processo, a PRP é instalada após a peneira rotativa de caldo misto que faz o primeiro peneiramento, o segundo peneiramento é feito pela peneira à pressão que realiza o refinamento dos sólidos retidos antes do caldo seguir para o decantador ou dornas. Foram realizadas análises de coleta de caldo para verificação de pH, impurezas e plaqueamento antes e após a instalação da PRP, a eficiência na retenção de impurezas foi de aproximadamente 60%: os resíduos sólidos retidos foram, basicamente, areia, terra e bagaçilhos. Na etapa de verificação de impurezas, foi constatada uma redução de 2,52% para 1,04% que permitiu ganhos no setor de peneiramento e diminuição do retorno de caldo para as moendas. Já na coleta de mosto, a redução de impurezas contribuiu com o processo de fermentação nas dornas que passaram a trabalhar com um menor volume de fermento, possibilitando redução de custos para a usina com levedura que passa a ser reutilizada mais vezes. Esses dados foram colhidos na destilaria Rio do Cachimbo, localizada em João Pinheiro/MG.

Na usina Coprodia, localizada em Campo novo do Parecis/MT, foi constatada uma diminuição importante na quantidade de impurezas no mosto que influenciou na redução da manutenção dos trocadores de calor, permitindo uma economia significativa para a usina. Segundo informações do laboratório da usina, a revisão de um trocador leva, em média, 10 horas, o que implica em um custo muito alto para a usina que fica parada neste tempo. Com a P.R.P operando, a manutenção do equipamento passou a ser feita de 20 em 20 dias, antes isso acontecia a cada oito dias. A Equilíbrio conta com cinco tipos de peneiras rotativas desenvolvidas no Brasil, basicamente para filtragem do caldo no processamento da cana de açúcar. Alguns dos equipamentos podem trabalhar em conjunto ou separadamente. O Fly Ash Dupla Função, da linha de peneiras rotativas, tem caráter ecológico, pois é utilizado na limpeza dos lavadores de gases da caldeira e possui duas funções: filtrar a água de fuligem e o deságue do lodo, não permitindo que esses resíduos sejam lançados no meio ambiente, além de elevar a eficiência na produção do açúcar e etanol. Há também a questão "difusores x moenda", que ainda não está decidida.

A resposta depende muito de quem vende. "Há vantagens e desvantagens para os dois equipamentos, desta forma deve se estudar as condições particulares de cada caso, pois existem diferenças de eficiência, que vêm diminuindo como custo de implantação e manutenção entre outros. Vai depender também do projeto de aumento de produção da unidade ou implantação de uma nova unidade", explica Luiz Francisco. Para Scaff, cabe ao projetista saber ponderar corretamente as vantagens e as desvantagens técnicas, além da análise econômica. A Reunion já optou por um difusor cujo custo estava muito baixo, comparado ao custo de uma moenda na época. Talvez o difusor se justifique para uma usina que tem uma modulação muito rápida e que vai crescer o canavial rapidamente. Já uma moenda permite esquartejar ou escalonar melhor a rampa de moagem. Só que o custo de manutenção de difusor é muito menor do que uma moenda e o custo de operação também. "O difusor faz maior uso de energia térmica, e a moenda faz uso maior de energia mecânica (potência) para esmagar a cana.

O Brasil é, notoriamente, uma terra de moendas. Não temos muitos difusores, ainda que os difusores dêem uma extração maior que a moenda, comparando os dois bem operados". Nem sempre a usina mais rentável é aquela de maior eficiência industrial. É fundamental nos dias de hoje trabalhar com ferramentas de planejamento. Isto ajuda a diminuir os riscos inerentes ao setor. "Esse setor não é como o metal-mecânico, cuja matéria prima é sempre igual; cada safra é diferente, tem suas particularidades", ressalta o diretor da Reunion. Para Jorge Telles, a extração de sacarose por compressão mecânica (moendas) chegou no seu limite (97% - 97,5%) e a extração por lixiviação e difusão (difusores) veio para melhorar esses índices (98% a 99%) com menor consumo energético no processo de extração. "Porém obtendo-se um caldo mais diluído e por consequência um maior consumo de vapor para a concentração desse caldo.

Sem dúvida alguma a tecnologia do difusor veio para ficar". Mas as moendas vão se adaptando... O gerente comercial da TGM, Paulo Vizin, lembra que antes de 2005, moendas com expressiva moagem só eram possíveis através de dois ou três conjuntos limitando-se por volta de 84" para os ternos – acima dessa bitola eram impraticáveis economicamente. "O planetário aplicado individualmente nos rolos da moenda viabilizou a moagem de maior porte de processamento de cana próxima de 40 mil toneladas/dia em um único tandem de moendas. Esta nova concepção, mais compacta, barata e eficiente trouxe consideráveis ganhos energéticos em relação aos tradicionais, principalmente aos redutores de eixos paralelos.

Nas moendas de 90" a 100", hoje a maior tendência, o acionamento individual rolo-a-rolo por planetários é a única opção viável técnica e econômica". Para o aproveitamento máximo da energia disponível na cana, por exemplo, a Dedini oferece ao mercado caldeiras de alta pressão, temperatura e eficiência energética (até 120bar, 540°C, 89% em relação ao PCI); o projeto e o fornecimento de centrais de cogeração otimizados; o uso do biogás proveniente da biodigestão da vinhaça; o sistema de recebimento da cana integral e separação e limpeza da cana e da palha; o processamento e uso da palha como energético.

Para o mínimo consumo interno de energia: processamento da cana com acionamento elétrico da faca e desfibrador e/ou eletro-hidráulico das moendas; sistemas de evaporação de múltiplo efeito tipo "falling film" ou nevoa turbulenta, destilação otimizada tipo "split-feed"; desidratação via membrana molecular; cozedor a vácuo contínuo; produção de açúcar refinado diretamente a partir do caldo, e sistema DCV - Sistema Dedini Concentração de Vinhaça integrado à destilaria.

A Dedini lembra que uma usina que processa cana pode processar o sorgo sacarino para produzir etanol e bioeletricidade, todavia, para o aproveitamento eficiente do sorgo são necessárias algumas alterações nas condições operacionais e, em detalhes dos processos. A empresa está estudando o assunto há alguns anos e participou dos testes de moagem de sorgo efetuados em várias usinas: já tem algumas soluções adequadas ao sorgo mas a grande limitação para o processamento industrial eficiente, com garantia de desempenho, é que os testes foram de curtos períodos de operação estável, o que dificulta a análise dos dados obtidos para se garantir a performance.


LEIA A MATÉRIA NA ÍNTEGRA NA EDIÇÃO IMPRESSA

Desejando saber mais sobre a matéria: redacao@editoravalete.com.br
NA EDIÇÃO IMPRESSA

Jornal

- Com redução de chuvas, usinas aceleram moagem

Retrospectiva


- Simtec abre espaço para cobranças de póliticas públicas