Edição 124 – 2009

Energia in natura

A genética está criando uma nova forma de cultivar a cana-de-açúcar. Inoculantes à base de bactérias fixadoras de nitrogênio e Novas variedades mais resistentes a pragas começam a sair dos laboratórios. Produtores e usinas ampliam experiências com adubação verde e controle biológico.
Cortesia Grupo Cerradinho

Flávio Bosco

Quem produz cana-de-açúcar conhece muito bem a capacidade que as leguminosas, como a soja e a crotalárea júncea, têm de fertilizar o solo – isso se deve à simbiose desse tipo de planta com as bactérias que captam o nitrogênio do ar. Uma linha pesquisada há duas décadas pela Embrapa desenvolveu um inoculante à base de bactérias fixadoras de nitrogênio para ser usado na cultura da cana-de-açúcar.

O inoculante para a cana é uma combinação de estirpes de cinco espécies de bactérias da cana-de-açúcar (Gluconacetobacter diazotrophicus, Herbaspirillum seropedicae, Herbaspirillum rubrisubalbicans, Azospirillum amazonense e Burkholderia tropica) isoladas nos laboratórios da Embrapa Agrobiologia que têm como objetivo promover o desenvolvimento da planta sem o uso de fertilizante nitrogenado. O produto é obtido através do crescimento das estirpes em meio de cultivo – em seguida as cinco estirpes são misturadas em turfa estéril e distribuída em sacos plásticos de 250 gramas. Para o plantio esse produto é misturado a 100 litros de água. Os colmos, contando três gemas, são mergulhados na mistura de água e inoculante durante uma hora e são plantados logo em seguida.

A tecnologia saiu dos laboratórios no final do ano passado e deve estar disponível no mercado dentro de dois anos – Stoller, Turfal, Fish e Agrolatino se cadastraram através de edital para o desenvolvimento em larga escala. “O inoculante ainda não está disponível comercialmente. De acordo com o contrato de transferência da tecnologia, em um ou dois anos o setor industrial vai discutir a estratégia com o agricultor”, conta o pesquisador da Embrapa, Segundo Urquiaga.

A redução de custos, por si só, já é um saboroso assunto. Se vier acompanhado de ganhos ambientais, torna-se ainda mais apetitoso – por conta das portas que pode abrir mundo afora. Além de evitar a contaminação pelo nitrato existente nas fórmulas de adubo nitrogenado, o uso de inoculantes significará uma economia de pelo menos 30 quilos de nitrogênio ao ano por hectare, segundo cálculos dos pesquisadores da Embrapa – um alívio aos produtores. O nitrogênio – uma das principais fontes de nutrientes para a fabricação de adubos – depende do mercado de gás natural. Junto com o potássio e o fosfato – as duas outras principais matérias-primas para a fabricação de adubos – tem sido o vilão dos balanços da produção agrícola. Tanto que os produtores reduziram a aplicação nos canaviais – levantamento da Associação Nacional para a Difusão de Adubos aponta que, enquanto a área plantada de cana-de-açúcar cresceu de 7,89 milhões de hectares em 2007 para 9,41 milhões de hectares em 2008, as entregas de fertilizantes recuaram de 3,13 milhões para 2,93 milhões de toneladas. E pelas projeções apresentadas por fabricantes na reunião da Câmara Setorial de Insumos, 2009 fechará com números ainda menores.

Na safra 2008/09 os fertilizantes tiveram reajustes superiores a 100%, pressionando ainda mais os custos de produção - uma conta que não fecha na produção de uma das culturas que mais extraem nutrientes do solo. O efeito dessa retração já é notada no rendimento industrial: a deficiência de fósforo causa redução no teor de açúcar, a falta de nitrogênio produz colmos mais curtos e atraso no desenvolvimento vegetativo, e sem potássio os colmos ficam mais finos. “O rendimento industrial não cai só por causa do volume de chuvas, mas por falta de dinheiro aplicado na lavoura. Isso aconteceu nas crises de 89 e 99 e está acontecendo este ano”, lembra o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari.

A dependência dos fertilizantes é vista dentro do Governo como um dos maiores desafios do setor agrícola nacional. Enquanto técnicos do Ministério da Agricultura trabalham junto com representantes da Petrobras e do Ministério de Minas e Energia na elaboração de um projeto de regulação que deverá ficar pronto até o fim deste ano, o Governo busca firmar acordos para estimular a produção. “A produção de gás natural permite organizar dentro do Brasil a produção de fertilizantes nitrogenados, e em Minas Gerais já estão identificadas jazidas de fosfato”, conta o ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Daniel Vargas.

O maior impasse está na produção de potássio: o país importa 90% do que necessita para suas lavouras, mas nem a terceira maior a jazida de potássio do mundo, localizada na Amazônia, despertou interesse dos produtores. Vargas explica que o Governo busca uma associação com Rússia, China e Índia – países que possuem a tecnologia para produção de potássio.

A adubação verde não é, digamos, uma novidade no cultivo da cana-de-açúcar. Há muito se sabe da capacidade que as práticas de rotação de culturas ou aproveitamento da palhada têm sobre as lavouras de cana-de-açúcar. A vinhaça e a torta de filtro, subprodutos da usina ricos em minerais, conseguem substituir a aplicação de nitrogênio, fósforo e potássio no plantio ou na soqueira. Mas é na reforma dos canaviais que reside o maior conhecimento do manejo agrícola sustentável.

O Grupo Cerradinho adota a adubação verde como rotação de cultura há 15 anos – o gerente de desenvolvimento do Grupo, Eduardo Bellucci, não possui uma planilha dos índices de produtividade, mas garante que a relação entre custos e benefícios são compatíveis – já que o solo permanece protegido. “Nos períodos mais chuvosos, não deixa o solo exposto. Além disso tem o incremento de matéria orgânica e nitrogênica”.

A usina São Francisco foi além: a produção do açúcar Native dispensa fertilizantes herbicidas e pesticidas em 100% da área. Atualmente, a usina processa 1,2 milhão de toneladas de cana, por ano, e possui 7,854 mil hectares de cana orgânica certificada. Lá a colheita da cana crua teve início em 1988 e, assim, os canaviais passaram a registrar 20 toneladas anuais de palha por hectare, material que forma um colchão de 20 centímetros de altura e contém metade do adubo de que a cana precisa e preserva a estrutura do solo, evitando a esterilização da terra.

Via de regra, dez espécies de leguminosas podem ser usadas como adubo verde no período de renovação do canavial. Mas, mesmo com opções por culturas que vão trazer benefícios aos produtores – como a soja e o amendoim, que podem ampliar o faturamento de usinas com a venda dos grãos – a preferência acaba recaindo pela crotalária júncea. O critério de escolha por um determinado tipo de adubo verde está intimamente ligado a interação com o calendário de cultivo da cana – já que seu ciclo não deve interferir na safra agrícola – e com o zoneamento agrícola – porque ele também é uma cultura. Considerada a rainha dos adubos verdes, a crotalária é facilmente mecanizada desde a semeadura até a colheita, tem desenvolvimento rápido, além de ter boa massa seca grande potencial para fixação de nitrogênio. “O manejo ajuda a optar por essa planta. Ela é mais fácil de utilizar, devido a matéria seca que deixa no solo. Tem um potencial maior e um custo mais acessível”, conta Bellucci.

Essas plantas cultivadas como adubo verde devem ser fragmentadas e deixadas como cobertura morta antes de florescem ou produzirem sementes. Ou então, de adubo, tornam-se invasoras. “Toda planta pode ser considerada uma erva daninha, desde que ela não esteja em locais indicados”, finaliza o pesquisador Julio Cesar Garcia, do Centro de Cana do Instituto Agronômico – IAC.

 
Aplicação de micronutrientes eleva produtividade

Uma pesquisa sobre a adubação de cana-de-açúcar com micronutrientes, conduzida no IAC, pretende mostrar como a produtividade da cana pode ser melhorada com a aplicação de boro, cobre, manganês, molibdênio e zinco. “Esse projeto será concluído integralmente em 2010, mas já temos dados conclusivos que demonstram que a cana responde a adubação com micronutrientes”, conta o pesquisador Estêvão Vicari Mellis, do Centro de Solos e Recursos Ambientais.

O pesquisador ressalta que a produtividade média obtida hoje – 80 toneladas/hectare – é baixa.

O projeto “Micronutrientes em Cana-de-Açúcar” faz parte de um conjunto de experimentos que vem sendo conduzido pelo Grupo Nutricana, com financiamento da Fapesp e participação de treze unidades produtoras do Estado de São Paulo.

De 2006 a 2008, 15 ensaios foram instalados em diferentes ambientes edafo-climáticos de importantes regiões canavieiras do Estado, e monitoradas por análises de solo e de folhas, que avaliam as produções de colmos e o ATR na cana planta e na primeira soqueira. Independentemente do solo e da variedade cultivada, a cana-planta apresentou ganhos expressivos de produtividade com a aplicação de micronutrientes – embora ainda seja necessária a realização de mais estudos para que se possa estabelecer as doses necessárias de cada micronutriente para a cultura.

O zinco foi o micronutriente que proporcionou os maiores ganhos de produtividade – média de 17% de aumento em relação às amostras que não receberam aplicação. Para o molibdênio e o manganês os ganhos médios de produtividade foram de 14% e 12%.

O elevado potencial genético encontrado em novas variedades, juntamente a intensificação da produção, mesmo em áreas tradicionais, poderá levar ao consumo das reservas dos micronutrientes do solo, principalmente devido à generalização da prática do uso de fertilizantes químicos concentrados, sem reposição dos micronutrientes que são removidos com as colheitas. “Além disso, a cana-de-açúcar apresenta frequentemente o fenômeno da ‘fome oculta’ em relação aos micronutrientes. Ou seja, a deficiência existe, limitando economicamente a produtividade, mas a planta não mostra sintomas visíveis”, conta Mellis.

Cana crua altera manejo de defensivos

Cinco laboratórios de controle biológico produzem, mensalmente, cerca de 130 milhões de vespas Cotesia flavipes, que combatem a larva broca da cana nos canaviais da Cosan. Outros três enviam 13 toneladas de esporos do fungo Metharizium anisoplea, que controla naturalmente a cigarrinha-da-raiz.

A receita é simples, mas demanda planejamento. O grupo foi pioneiro ao utilizar o controle biológico para combater as principais pragas que afetam o cultivo da produção da cana-de-açúcar sem o uso de defensivos agrícolas. Atualmente conta com oito laboratórios de controle biológico que distribuem a tecnologia para as usinas do grupo – o monitoramento das pragas é realizado em todo o canavial, sendo que a aplicação do controle biológico é feita por meio de equipamentos terrestres e aéreos nas áreas em que a infestação pode causar prejuízos significativos para a plantação. “O grande trunfo do controle biológico é a garantia da eficácia no combate das pragas alvo, alinhada com o equilíbrio ambiental”, afirma o gerente coorporativo Agrícola da Cosan, Cássio Paggiaro.

A lagarta da broca da cana é uma das principais pragas que afetam a cultura da cana-de-açúcar – que apresenta quebra do colmo na região da galeria, redução da sacarose e até morte da planta. Já a cigarrinha injeta um complexo de enzimas e aminoácidos de ação fitotóxica que provocam a morte de cloroplastos, o entupimento de vasos do floema e a morte de tecidos – durante o processo, o fluxo de água na planta é interrompido e ela apresenta sintomas de desnutrição e desidratação, perdendo sacarose e podendo morrer.

Paggiaro conta que a utilização do controle biológico representa um ganho de 35% para a companhia, comparando-a com a utilização de outros defensivos agrícolas.

Em Indaiatuba / SP, uma parceria entre o Instituto Biológico, vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura, e a Bio Controle irá colocar em operação a primeira fábrica de nematóides do país. A produção terá como foco o combate ao bicudo da cana-de-açúcar.

Mas a quantidade de defensivos biológicos ainda é minúscula quando comparada ao total de produtos químicos utilizados para controle de pragas, fungos e ervas daninhas – em um universo superior a 1,4 mil produtos químicos registrados, apenas 16 são biológicos.

A nova forma de cultivar cana-de-açúcar, com a mecanização dos canaviais, também traz reflexos sobre o manejo – alterando inclusive o perfil das plantas daninhas e das pragas. “Com o advento da cana crua, percebemos uma certa mudança na flora daninha. A tiririca e a grama seda são plantas daninhas antigas, que ainda permanecem mesmo nas áreas de cana crua. O que tem crescido nos canaviais é a corda de viola – que infesta demasiadamente a plantação, produz muitas sementes que ficam no solo, germinam, entrelaçam nos colmos e expõe as partes aéreas sobre a cana-de-açúcar independente de o solo estar coberto pela palha”, conta o pesquisador Carlos Azania, do Centro de Cana do Instituto Agronômico.

Mesmo que a ocorrência de algumas delas esteja restrita a determinadas regiões, a atenção deve ser redobrada. Em áreas isoladas no norte do Estado de São Paulo, o capim camalote e a mucuna têm desafiado os produtores – por conta da dificuldade de controle, uma vez que os herbicidas registrados para essas plantas não são recomendados para o cultivo da cana.

Os pesquisadores do IAC trabalham agora para entender o comportamento do camalote e da mucuna, semelhante a uma linha de pesquisa feita recentemente com a corda de viola, que recomendou duas aplicações de herbicidas – a primeira logo após a colheita e outra passados 90 a 100 dias, no momento em que a cana está fechando o canavial. “Estamos testando diversos manejos, guias de solo, controle mecânico integrado com controle químico, para ver aquele que melhor se adapta”.

Entender a constituição biológica tem sido o norte das pesquisas relacionadas a ervas daninhas – o que servirá de ponto de partida para o manejo. Azania explica que, por conta da agressividade que as plantas daninhas ganham em áreas tropicais, o controle químico deve ser sempre integrado a outros métodos – como o controle mecânico efetuado durante o plantio. “Existem pesquisas que fazem o controle biológico. Mas isso é muito raro, devido a agressividade que essas plantas ganham em áreas tropicais”.

Fornecedores inovam para se
aproximar de produtores

Atendimento personalizado, troca de experiências e orientação sobre o desenvolvimento sustentável da produção de cana-de-açúcar. Estes são os destaques do Clube Energia Bayer, programa de relacionamento que a Bayer Crop-Science lançou para cerca de 70 representantes das principais usinas do País e consultores do setor sucroalcooleiro. Os fabricantes de defensivos agrícolas estão diversificando o relacionamento com os produtores e usinas – um segmento que representa uma fatia de quase 10% do consumo no país, segundo levantamento realizado pelo Sindag.

O Clube Energia Bayer atenderá cerca de 150 usinas. Do plantio à colheita, os membros poderão ter acesso à tecnologia utilizada pela empresa e visitas técnicas da equipe Bayer CropScience. Entre elas está a “Matologia”, que demonstra os resultados de controle de plantas daninhas no canavial de cada usina participante e quais são as melhores formas de manejo, com a demarcação de pontos específicos com estaca padrão e orientação das equipes internas das usinas; a “Colchão Não”, que visa a prevenção e o controle do capim-colchão, por meio de análises de amostras coletadas nas usinas em um dos laboratórios da Esalq. Também na linha de serviços oferecidos pelo Clube Energia está a Campanha FAS, com a confirmação e validação dos benefícios proporcionados pelo efeito Força Anti-Stress do inseticida Evidence que, além de controlar pragas, proporciona mais vigor às plantas de cana.

A FMC Agricultural Products criou um portal sobre nematóides, que deve levar informação aos produtores rurais do setor sobre a proporção dos danos causados pela praga. “A cada safra a cultura de cana-de-açúcar apresenta novos desafios aos produtores. Dentre tantos cuidados necessários, o manejo de pragas - em especial os nematóides - merece destaque pela sua influência direta na produção final e na qualidade da lavoura”, explica a coordenadora de marketing da FMC, Fernanda Teixeira, uma das idealizadoras do Projeto.

Difíceis de serem identificados, os nematóides – vermes de até três milímetros de comprimento – podem ser utilizados para o combate de pragas, mas apresentam alguns sintomas que merecem atenção, porque são capazes de reduzir a massa radicular e provocar a morte ou a mutação das células da raiz.

Para solucionar o problema de matocompetição nas lavouras cana-de-açúcar, a FMC desenvolveu um herbicida para controle de plantas daninhas de folhas largas de difícil controle e da tiririca – o Boral, com ativos que agem de forma local e sistêmica, controla as plantas daninhas sem causar toxidade à lavoura e ainda apresenta a vantagem de não ficar retido na palhada.

A Arysta LifeScience disponibiliza a linha de herbicidas para manejo de capim-brachiária, na época de seca, corda-de-viola e outras plantas daninhas problemáticas em cana planta e cana soca queimada e cana soca crua. Integra também o projeto “Um Jeito Novo na Cana” iniciativas diferenciadas e patenteadas, como o Projeto Colhedora, que visa a correta aplicação de herbicidas no momento da colheita. “Este projeto apresenta diversas vantagens ao produtor, já que otimiza os custos, uma vez que juntamente com a colheita é possível tratar a cana”, explica o idealizar do projeto, Rodrigo Gimenez. Outro destaque é o Programa Aplique Bem, serviço itinerante que tem o objetivo de conscientizar os produtores rurais sobre a importância do uso correto dos defensivos agrícolas.

Lançado há quatro anos, o Moddus, um fitorregulador da Syngenta, inibidor da biossíntese do ácido giberélico, inibe o crescimento vegetativo de culturas monocotiledôneas.

Biotecnologia cria variedades resistentes e precoces

Seis anos após sua criação, a CanaVialis apresentou as primeiras variedades de cana – tempo recorde para os padrões de desenvolvimento do setor. As séries CV Pégaso e CV Centauro agora estão disponíveis para serem multiplicadas para uma área semi-comercial – as primeiras variedades da empresa foram desenvolvidas para serem colhidas no início da safra – com brotação e fechamento rápido. Mas não deixam de lado a tolerância a pragas como a broca da cana.

A nomenclatura das variedades é a marca mais visível de uma empresa de melhoramento de cana-de-açúcar que nasceu diferente – por meio de uma parceria entre o Grupo Votorantim e um grupo de cientistas. No final do ano passado, a CanaVialis foi adquirida pela Monsanto – juntamente com a Alellyx, uma empresa de genômica aplicada que se dedica ao desenvolvimento de pesquisas com biotecnologia. A primeira cria o material adequado para receber a biogema da segunda. Agora as duas empresas trabalham em marcadores moleculares para identificar os tipos de genes desejáveis nas novas variedades.

Na “biofábrica” da empresa, em Campinas / SP, minúsculos fragmentos de uma planta são cuidadosamente tratados e replicados durante sete meses até se transformarem em 320 clones. “Um minitolete gera substratos. E os meristemas extraídos são regenerados e multiplicados”, explica o novo presidente da CanaVialis, Ivo Fouto.

Os primeiros mapas genéticos e a obtenção das primeiras plantas modificadas geneticamente surgiram no Brasil há quase 20 anos. No fim da década de 1990 a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp deu o pontapé no projeto Genoma da Cana, com a identificação de 50 mil genes da planta.

A Embrapa investe em projetos de desenvolvimento de cana-de-açúcar transgênica há cerca de três anos. As características que serão incorporadas à planta visam principalmente a atender às demandas do Nordeste. Na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio já existem 50 pedidos de liberação de pesquisas biotecnológicas da cultura da cana.

Na tarefa de combater as pragas agrícolas, a genética também tem avançado sobre o campo da engenharia química: o CTC firmou parceria com a Dow AgroSciences para o desenvolvimento de variedades resistentes às principais pragas que incidem sobre as lavouras de cana-de-açúcar no Brasil, como a broca-do-colmo – a Dow fornecerá a tecnologia de sua ‘biblioteca’ Bt e o CTC entra na parceria com seu maior banco de germoplasma disponível no País.

Em outro acordo de cooperação na área de melhoramento genético e biotecnologia da cana, firmado com a Basf, o CTC irá desenvolver variedades resistentes à seca.

O principal órgão de pesquisa do setor sucroalcooleiro acaba de liberar duas novas variedades com alto teor de sacarose, resistência a doenças e adaptação à colheita mecanizada – as variedades CTC19 e CTC20 formam a quinta geração com a marca do CTC e são anunciadas junto a uma ferramenta virtual que se baseia em análises do tipo de clima e solo para recomendações varietais.

Do aumento de produtividade à redução do uso de insumos agrícolas, a adoção da engenharia genética deve criar, definitivamente, uma nova forma de cultivar a cana-de-açúcar. Os cientistas já aprenderam a ler o código genético. Agora irão começar a reescrever a sua história.

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Acontece nas Usinas
- Odebrecht e Brenco assinam acordo para criar gigante em bioenergia
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Atualidades
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