Edição 120 – 2009

Eco-nomia "verde", em tempos de crise

Futuro incerto compromete investimento de usinas?

Por Paulo Oliveira

Ao telefone e em tom de elogio, o presidente norte–americano Barack Obama revela ao presidente Lula suas intenções de aproximação com o Brasil no que se refere aos biocombustíveis. E se um dos homens mais poderosos do mundo diz que os Estados Unidos têm muito a ganhar na cooperação com o Brasil no setor energético, quem vai contestar? Para o momento, nada é mais oportuno. O desfecho dessa conversa, travada no final de fevereiro, está prestes a acontecer e será na Grã-Bretanha, na próxima cúpula do G-20, programada para abril. O compasso é de espera. O que todos querem saber, sobretudo quem está envolvido no setor sucroenergético, é se haverá um nascente e promissor anúncio dos novos rumos da liberalização econômica e do enfrentamento da crise.

As alarmantes medidas protecionistas de Estados Unidos, Japão e União Européia protagonizam uma pequena exportação do etanol brasileiro – cerca de 15% do total da nossa produção, em 2008. Porém, as expectativas são grandes no mercado norte-americano, consumidor de 6 a 7 bilhões de litros por ano do insumo que deve ser acrescido em 10% à gasolina. E, claro, a Unica e todo o setor sucroalcooleiro nacional esperam que parte disso possa ser comprada no Brasil. Além de alguma resolução em termos desse impasse, espera-se que não se repitam os dois anos de preços ruins para o setor sucroenergético, que investiu muito em relação a seu faturamento e enfrenta problemas de capital de giro e de formação de estoques – moendo mais com lucro estacionado a cifras de 2006/2007. A volatilidade de preços da commodity também assombra o ritmo de investimentos a programas socioambientais. Simultaneamente vemos crescer os impactos da atividade humana no planeta, marcando um momento de crise econômica e climática, alimentar e energética, aos quatro cantos, onde seis bilhões de pessoas multiplicam a necessidade de alguma solução por melhores condições de sobrevivência.

Contraponto

O contraponto da relação entre as investidas para a sustentabilidade socioambiental e a economia surge no momento em que esta última vai indo mal, pois a indústria retrai, os lucros cessam e as demissões surgem em massa. O pessimismo é geral e contamina. Não há posição definida. Diariamente, acompanhamos pelo noticiário o que a falta de crédito pode provocar nos mercados. Para o setor sucroenergético não é diferente: o BNDES melhorou as condições de crédito oferecendo um ano de carência e três para que o empréstimo seja pago, a uma taxa de 20% ao ano. A questão do petróleo barato também assola o setor e, segundo a Unica, esse patamar não pode persistir por muito tempo. A Petrobras não baixa o preço da gasolina, porque fechou contratos passados num momento em que o petróleo e a prestação de serviços estavam em alta e as margens eram maiores. O setor canavieiro espera que a Cide mantenha o controle de preço da gasolina a níveis competitivos. No geral, a economia brasileira deve se recuperar gradualmente do impacto da crise, mas para os próximos seis meses segue uma tendência de desaceleração, em ritmo de recessão. Serão estes os indícios de um fim apocalíptico? Motivos suficientes para afastar o homem da natureza e de suas preocupações socioambientais mais imediatas? A verdade é que ninguém sabe ao certo, nem os relatórios do clima determinam se vamos evoluir a contento e no ritmo necessário para nos vermos livres de nossa própria destruição.

O mundo deve estar percebendo que passamos de um era para outra, que não tolera mais as altas emissões de carbono – o Brasil é responsável por 12% da emissão mundial -, provenientes do uso de combustíveis fósseis que produzem nosso conforto, esquentam nossas casas, nos locomovem e dão a energia necessária para o nosso dia-a-dia, o que vem sendo alvo de controle e cobranças cada vez mais rígidas. Nada mais apropriado. E estabelecer parâmetros para monitorar tudo isto já está se tornando cada vez mais comum a exemplo do que vemos com o Global Bioenergy Partnership – GBEP. A iniciativa internacional patrocinada pelo G 8 + 5 e FAO-ONU, inclui a participação do Brasil na produção do Relatório Global Bioenergy Partnership, pelo qual se obtém o estágio de desenvolvimento da bioenergia entre os países membros.

Outro exemplo surge na medição da agricultura sustentável. A novidade é algo pioneiro que foi há pouco implantado nos Estados Unidos pelo Keystone Center. A proposta deste centro de pesquisa é avaliar o progresso da produção agrícola no que se refere aos impactos ambientais a partir de um método que utiliza dados publicamente disponíveis. Com esses indicadores, é feita uma avaliação métrica em escala nacional baseada por fatores ambientais em pontos como o uso do solo, uso de águas para irrigação, uso de energia e impacto climático (emissões de gases estufa).

De acordo com o cultivo local, a experiência analisa o comportamento de quatro cultivares: milho, algodão, soja e trigo, os quais ocupam quase 70% dos 305 milhões de acres de terras agrícolas existentes nos EUA. O período compreendido pelos resultados é de 1987 a 2007. Cada evolução de resultados forma o que pode se denominar de um indicador de sustentabilidade – um registro vivo que serve de referência e indica tendências sobre o uso da terra.

Divulgação / Unica
Maria Luiza Barbosa: Programas de Sustentabilidade Ambiental continuam com crise ou sem crise

E você pensa que pára por aí? Que a crise vai esbarrar em ações de responsabilidade socioambiental é inevitável, mas que ela vai barrá-las parece improvável, ao menos para o bom senso. Nessa sintonia, a consultora para a Área de Responsabilidade Social Corporativa da Unica, Maria Luiza Barbosa, inova com o intuito de implantar indicadores setoriais para obter com mais clareza e precisão o monitoramento ambiental entre as usinas asssociadas – ao todo são 116 unidades – 90% delas aderiram ao programa até agora. Mais de 600 projetos e R$ 160 milhões foram investidos beneficiando cerca de 400 mil pessoas, segundo o Relatório de Sustentabilidade 2008, contemplando as áreas de Meio Ambiente, Saúde, Cultura, Esporte, Qualidade de Vida e Capacitação.

De acordo com os macro-projetos desenvolvidos pela Unica, entre as usinas que adotaram o modelo Ibase, participaram, entre 2003 e 2005, 45 usinas. Entre 2006, 2007 e 2008, foram 70. Seguindo as premissas do Instituto do Banco Mundial, 109 associadas seguiram os Programas de Responsabilidade Social Corporativa e Competitividade Sustentável, Próxima Geração de Líderes, Responsabilidade Corporativa para Executivos e Programas de Parcerias Sustentáveis. Outra iniciativa marcada entre os macro-projetos apareceu na participação de 32 associadas nos indicadores de Responsabilidade Empresarial, do Instituto Ethos, numa primeira fase; na seguinte, foram 30. Entre 2007 e 2008, dez usinas elaboraram seus relatórios com base nos indicadores do relatório de sustentabilidade Global Reporting Initiative – GRI. Ainda em aprovação e sob discussão interna, a executiva não informou qual seria o formato exato do novo Relatório de Sustentabilidade 2009 que não deve ser tão abrangente quanto os modelos do Instituto Ethos, aplicado aos demais setores da indústria. “A intenção é formatar um modelo específico para o setor, com indicadores setoriais. Um sistema avaliador que deve ser revelado nos próximos dias com o anúncio do plano de metas 2009-2010 da instituição para Projetos Sustentáveis. A tendência segue para avaliações que determinem o quanto a usina é sustentável, quanto ela cogera, quantos trabalhadores capacita, quanto de água economiza e assim por diante”, conta Maria Luiza, destacando que estão capacitando 30 mil pessoas.

Até então, o Relatório de Sustentabilidade 2008 da Unica mostrou a evolução do trabalho coordenado pela consultora reunindo informações de cada usina. Com dados socioambientais sobre a mesa, o acesso à situação de cada uma delas, o progresso dos resultados foi acontecendo à medida que os processos - as iniciativas de projetos propriamente ditos - foram implantados a cada ano. “A cada semestre fomos introduzindo capacitações, balanço, diagnósticos que deram subsídios a ações pontuais”, complementa a executiva.

A iniciativa cai bem aos olhos de quem vê resultados deste porte, principalmente dos compradores. “O mercado também cobra da Unica ações socioambientais. O investimento vai para programas de educação ambiental, reciclagem, compostagem, tratamento de resíduos orgânicos, além do empenho de laboratórios aplicados ao combate de pragas agrícolas evitando o uso de produtos químicos. Isso sem contar no foco para a preservação dos recursos hídricos. A colheita mecanizada é outro aspecto positivo, que deve superar a área colhida com uso do fogo”, finaliza Maria Luiza.

Motivos para um mundo mais verde

Até agora vimos que a vontade política, o consumo consciente e o uso eficiente dos recursos naturais estão fora dos prumos – nos aspectos temporal e espacial - e o globo já consome 30% a mais do que é capaz de repor, segundo dados divulgados por analistas ambientais. A natureza sente os sintomas de sobrecapacidade. No Brasil, os avanços das secas causaram prejuízos às colheitas e à biodiversidade do solo amazônico, a presença atípica de tornados na região Sul e a última inundação em Santa Catarina - algumas das respostas das agressões feitas à natureza, inclusive dizimando vidas.

A reação precisa vir logo, sobrepondo-se à ganância do homem. Em 2006, o Greenpeace já revelava que a destruição das florestas custava US$ 2 trilhões à economia mundial. Esse déficit pode piorar, a alteração climática pode reduzir de 5% a 20% o PIB mundial - percentual conservador, atualmente. Sabe-se que para acertar os desajustes não falta inteligência, nem tecnologia, e a fórmula para amenizar tantos resultados negativos não é nova: vem com o uso de energia limpa, com práticas de programas de eficiência energética, de combate ao desmatamento em áreas hotspots - de Mata Atlântica e do Cerrado, que pelo Código Florestal devem ter preservadas 20% da área ocupada. São ações prementes de apoio governamental, voz de comando para cobrar e criar antídotos anticíclicos para amenizar a degradação do meio ambiente frente à crise instalada. Para tudo isso funcionar, todos devem falar a mesma língua, a começar por uma maior integração dos Ministérios de Estado.

De certa forma, temos aí o PAC investindo em infra-estrutura – alcooldutos, o Protocolo Agroambiental e Zoneamento Agroambiental, ações que podem surtir algum efeito quando o assunto envolve uma aproximação mais amistosa entre meio ambiente e área sucroenergética.

De acordo com o diretor de desenvolvimento sustentável da Secretaria do Meio Ambiente, Ricardo Viegas, nos últimos três anos houve um crescimento acentuado da cultura canavieira por conta da demanda por etanol e um trabalho forte de conscientização de valores socioambientais já acontece. “Não sei se o fator crise poderá afetar alguns investimentos em área sustentável, mas até o momento não temos essa avaliação” diz. Para Viegas, o Protocolo busca soluções para a queima da palha da cana, do consumo de água, a proteção de matas ciliares e das nascentes, a conservação de solo, a emissão de poluentes, a utilização de agrotóxicos, a produção de resíduos como vinhaça, tortas, o destino dos subprodutos da cana. Todos esses fatores são considerados e devem ser respeitados pelo setor canavieiro, um setor que tem demonstrado se sensibilizar com o meio ambiente, mesmo diante do baque econômico. Mas o Estado de São Paulo não pode sucumbir a sua responsabilidade ambiental onde há 4,4 milhões de hectares de cultivo da cana, de onde saem 70% da produção de álcool, e Viegas dá uma prova favorável ao setor que já colhe 50% da cana crua e 50% ainda usa o processo de queima - um sinal de evolução aos olhos do diretor. “Uma outra parte trabalhada é a de mata ciliar; a região possui 1,5 milhão de hectares e cerca de 20% a 30% dessa área corresponde ao setor sucroalcooleiro”. Viegas acredita que o estado de São Paulo não deve receber mais usinas: 210 unidades é um limite tolerável – hoje são 181, por isso entende que o jeito é verticalizar a produção e diz que 90% delas atendem ao Protocolo. “E para atender a nova demanda, a expansão das usinas e seus métodos cada vez mais modernos estão exigindo maior qualificação dos profissionais”, um processo natural e que precisa ser acompanhado de perto pelo setor, acredita.

Remessa e consumo de açúcar e etanol

Puxado pela forte demanda produtiva dos carros flex em 2008, o setor alcooleiro já não pode esperar o mesmo para este ano; os analistas de mercado projetam 50% a menos das vendas. Quanto às exportações, reduzidas em 1 bilhão de litros, espera-se uma demanda ascendente em 1,5 bilhão de litros. A parceria da Unica e da Apex-Brasil deve ajudar a promover o etanol brasileiro no exterior, tendo como mercados-alvo a América do Norte, Europa, o sul e leste da Ásia. Iniciada em janeiro de 2008, o acordo deve destinar R$ 16,45 milhões até o final de 2009, a serem distribuídos no aumento de capacidade de oferta do etanol, em estudos de inteligência comercial e em projetos de promoção em eventos.

Em relação às projeções futuras, uma tendência que se firma embasada no meio acadêmico é que o etanol de segunda geração vai se tornar comercialmente viável de cinco a dez anos. Em termos de volume negociado, o setor sucroenergético destinou 1,5 bilhão de litros de álcool para os EUA, demanda equivalente à da União Européia. Seriam oito bilhões de litros de etanol brasileiro exportados em 2010, segundo previsões feitas há três anos pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE. Mas declinou; após o fatídico setembro de 2008, quando os rumores da crise se iniciaram, esse número passou para a metade.

Infelizmente, crédito curto e o petróleo barato também intimidam o mercado sucroalcooleiro, apesar de a safra projetada do Centro-Sul bater a casa de 520 milhões a 550 milhões de toneladas de cana em 2009/2010 – se for atingido o volume mais baixo não haverá como chegar à remessa adicional de três milhões de toneladas dedicadas ao mercado externo, atualmente demandadas. O déficit mundial de açúcar gira em torno de três a cinco milhões de toneladas adicionais – a commodity estava cotada com valores baixos. Pelo andamento da carruagem e vestígios protecionistas à parte, o comportamento do setor está sob cautela, entre altas e baixas, a instabilidade leva a União Européia a se adaptar a realidades futuras, sobretudo ao investir em projetos para ferrovia e hidrovia - o que pode tirar o foco dos produtores de biocombustíveis do Hemisfério Sul. Mas a expansão da demanda por etanol e, por consequência, os aportes de destino socioambiental vão ser comprometidos?

Saber o destino do mercado usineiro e de seus projetos de sustentabilidade ambiental virou tema tão consistente quanto previsão de meteorologista. E se a economia é que dita os rumos da história, 2009 ainda está em ponto morto.

Se as premissas de ontem vingarem o amanhã, temos no retrospecto dos fatos que o consumo de etanol anidro e hidratado em 2007 chegou aos 17,3 milhões de litros, enquanto a gasolina bateu a casa dos 18,6 milhões. Houve elevação de 50% no consumo de etanol em sete anos, entre 2000 e 2007; da gasolina 8% e do óleo diesel 17,4%. Em 2007, o Brasil exportou 3,53 bilhões de litros de álcool, volume 3% superior ao do ano anterior. Já em 2008 o Brasil embarcou 5,1 bilhões de litros de álcool, volume 45% maior do que o exportado no mesmo período do ano passado. As exportações de álcool em 2008 renderam US$ 2,4 bilhões, um aumento de 62% frente a 2007. E para 2017, o etanol chegará no patamar de 53 milhões de litros anuais, conforme determina a EPE. No acumulado de janeiro a setembro de 2008, as vendas de álcool combustível foram 1,6% maiores que as de gasolina.

Os gráficos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – Anfavea apontam que o impulso da venda de etanol se deve à parcela significativa dos veículos flex. De janeiro a setembro de 2008, 83% ou 2,2 milhões de unidades dos automóveis e veículos comerciais leves vendidos no país eram bicombustíveis. Para atender à demanda futura interna brasileira, a EPE estima que vão ser necessárias mais 246 novas usinas até 2017, o que adicionará cerca de 4,5 bilhões de litros de etanol ao mercado, anualmente. Esse montante equivale a 60% a mais em número de usinas de etanol frente ao parque atual de 400 unidades instaladas, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa. Até o início da crise e consequente surgimento dos cortes, 120 usinas estavam previstas para serem construídas.

Diretivas técnicas do Protocolo Ambiental

- Antecipar, nos terrenos com declividade até 12%, o prazo final para eliminação da queimada da cana-de-açúcar, de 2014 para 2012, adiantando o percentual de cana não queimada, em 2010, de 50% para 70%;
- Antecipar nos terrenos com declividade acima de 12%, o prazo final para eliminação da queimada de cana-de-açúcar, de 2031 para 2017, adiantando o percentual de cana não queimada, 2010, de 10% para 30%;
- não utilizar a prática da queima da cana-de-açúcar para fins de colheita na área de expansão de canaviais;
- adotar ações para que não ocorra a queima a céu aberto, do bagaço de cana, ou de qualquer outro subproduto da cana;
- proteger as áreas de mata ciliar das propriedades canavieiras , devido à relevância de sua contribuição para a preservação ambiental e proteção à biodiversidade;
- proteger as nascentes de água das áreas rurais do empreendimento canavieiro, recuperando a vegetação em seu redor.

Cartilha Verde da Usina Sustentável

A cartilha verde do Greenpeace propõe que sejam eliminados os subsídios aos combustíveis fósseis, um montante considerável que chega a uma centena de milhões de dólares, receita que poderia ser revertida a programas de incentivo ao uso de energias renováveis. Uma decisão acertada! Mas enquanto as coisas se ajustam até o amadurecimento de uma legislação própria para regular a sustentabilidade ambiental, são válidas as decisões que se antecipam. Em termos logísticos o governo diz que vai investir pelo PAC R$ 2 bilhões na malha dutoviária instalada para o transporte de etanol interligando o Centro–Oeste ao Sudeste em portos paulistas e fluminenses. Outro aporte similar que deve reduzir o nosso nível de emissões parte da Brenco, que quer investir numa malha de 1,1 milhão de km ligando Alto Taquari / MT ao Porto de Santos / SP, com previsão para entrar em operação até 2011 – mas que carece de legislação e recursos. Cosan, Crystalsev, Copersucar e São Martinho haviam programado a construção de uma malha ligando o interior de São Paulo ao Porto de Santos, também para 2011.

Ainda que em tempos de crise, Barack Obama já sinalizou que os EUA vão reduzir as emissões de gases poluentes causadores do efeito estufa determinando ao Departamento de Transporte que automóveis e caminhões tenham um consumo mais eficiente. Eficiência energética e ambiente limpo são palavras de ordem em seu governo. A Agência de Proteção Ambiental já recebeu o pedido emérito para que sejam reconsideradas as solicitações de projetos sustentáveis provenientes de 13 estados americanos, incluindo a Califórnia, e que fora anteriormente negado por Bush, em 2007. Bons ventos para o etanol brasileiro? Pode ser. Mas ainda é muito cedo para prognósticos. Ninguém tem informação segura. Mesmo com dificuldades em fechar os planos e divulgar as metas daqui para frente, com revisões de contrato e projeções modestas, este parece ser o momento-chave para se construir um mundo novo - quando a desaceleração permite maior capacidade de revisão do processo existente.

Agora, a chance de reformulação de nossas condutas sustentáveis aliada a uma nova realidade econômica não emperra boas idéias ou soluções que se articulem. Em São Paulo, a implantação do Zoneamento Agroambiental, desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente e da Agricultura e Abastecimento mostra isso. Pelo estudo, 18 milhões de hectares estão aptos para receber o cultivo da cana e, destes, 4 milhões não tem restrição ambiental. A intenção é que não haja empecilho para a expansão de novas usinas no Estado Paulista – cada hectare plantado com cana gera R$ 4 mil, valor oito vezes superior se comparado ao hectare dedicado ao pasto em pecuária de corte ou leite. A Unica destaca que mais receita por hectare significa mais emprego, demanda por insumos e infra-estrutura, renda para o produtor e maior redução de gases causadores do efeito estufa, pois a cana é muito mais eficiente do que o pasto na absorção de CO2.

Cortesia / Dedini
Olivério: aproveitar o que a tecnologia tem a oferecer

Nesse movimento de boas intenções, a Dedini mostrou algumas tendências para este novo mundo verde se consolidar. O que seu diretor-presidente José Luis Olivério chama de USD, Usina Sustentável Dedini, uma maneira de dizer ao mundo que os rumos da auto-sustentabilidade renovável vieram para ficar, seja em energia, na produção de etanol, no uso de fertilizante organomineral, no reuso de água e na geração de biodiesel. “Devemos aproveitar ao máximo o que a tecnologia tem a nos oferecer. No Brasil, as usinas são eficientes na produção de etanol, mas quando se trata de bioeletricidade nem todas atingiram o seu ápice, entre o que produzem e o que consomem. Mas já existem usinas sendo instaladas usando caldeiras de mais alta pressão, da ordem de 100 k/cm2, de maior temperatura 540º C e maior eficiência energética, chegando a 89%. Ao mesmo tempo, vem-se reduzindo o consumo de energia na usina ao máximo por meio do uso de acionamentos eletromecânicos e eletrohidráulicos.

“Usa-se o cozedor contínuo na produção de açúcar, usam-se processos de destilação de alta eficiência, e desidratação de alta eficiência”. Para se ter um cálculo de quanto uma usina consome e produz de energia, Olivério pegou por parâmetro uma usina nova de nível médio de tecnologia, cujo perfil produtivo de etanol necessite cortar 12 toneladas cana por dia ou dois milhões de toneladas de cana por safra. “Este tipo de usina produz um nível excedente de energia elétrica entre 20 e 30 MW. As de mesmo tamanho, só que com o nível mais avançado de tecnologia na produção de eletricidade, fornecem para a rede 30 a 40 MW. Mas uma usina top em tecnologia pode fornecer 50 MW”, conclui o executivo. O retorno de investimento depende do quanto for o valor do MW. Considerando R$ 155 o MW/h, o payback, na solução mais avançada, é de seis a oito anos. E uma Usina Sustentável greenfield leva dois anos para ser construída.

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