Edição 119 – 2008

O 1o bilhão do biodiesel

Divulgação/Petrobras
 
Abastecimento nos postos: se governo antecipar a mistura de 5% para 2010, demanda aumentará para 2 bilhões de litros por ano.
Combustível chega a 1 bilhão de litros em 2008, mas Brasil ainda precisa aumentar a produtividade do óleo vegetal para conquistar mercado interno e externo, ambos promissores

Enquanto a produção de etanol deve se aproximar de 27 bilhões em 2008, a fabricação de biodiesel, outro combustível renovável brasileiro, está chegando apenas ao seu primeiro bilhão – e só vai atingir o volume porque o governo ampliou a obrigatoriedade da mistura de 2% ao diesel para 3% a partir de julho. No ano anterior, foram consumidos 840 milhões de litros.

A capacidade já instalada no Brasil é de 3 bilhões de litros. Para atuar o descompasso entre oferta e demanda, o Planalto estuda antecipar as metas de adição. Há um movimento para elevar a demanda obrigatória de 3% para 4% ainda em 2009, e na seqüência, seria estipulada a mistura de 5%, prevista para 2013, já em 2010.

A medida, se confirmada, elevaria a demanda em mais 410 a 420 milhões de litros e ajudaria o Brasil a totalizar consumo de 2 bilhões de litros por ano. Ainda assim, esse volume representaria aproximadamente 65% a 70% da capacidade instalada atualmente.

O volume de etanol produzido no Brasil já é quase 27 vezes superior à quantidade de biodiesel fabricada no país. Mas, para o analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Ângelo Bressan, o álcool é menos estratégico mundialmente, porque é misturado à gasolina. “O biodiesel pode ser adicionado ao diesel, que tem consumo muito maior – e crescente - no mundo. A gasolina tem perspectiva de queda”, aponta.

O mundo consume atualmente 1,3 trilhão de litros de diesel por ano. Se o planeta adicionasse 2% de biodiesel a todo o volume atual, haveria mercado para 26 bilhões de litros do produto alternativo. Mas a demanda pode ser bem maior, se as previsões de potencial de crescimento do diesel, de 8% ao ano, forem confirmadas.“O biodiesel é um combustível projetado para uma frota já existente. Ao contrário do etanol, que precisou conquistar este mercado até mesmo no ambiente doméstico”, argumenta Bressan.

O diesel representa mais de 55% do consumo nacional de combustíveis veiculares. São usados internamente cerca de 40 bilhões de litros, contra 23 bilhões de litros de etanol e 15 bilhões de litros de gasolina.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o consumo de diesel cresceu 9,29% nos nove primeiros meses de 2008. No mesmo período, a demanda por gasolina C aumentou 2,95%. Quase 80% do diesel usado no Brasil são demandados pelo setor de transporte rodoviário.

Hoje, 6% do diesel consumido pelo Brasil são importados. A compra do combustível representa US$ 1 bilhão por ano. Esse gasto pode aumentar ainda mais nos próximos anos, se o preço do petróleo voltar a subir – o barril chegou a US$ 140 em julho de 2008, mas caiu a níveis de US$ 60 com a crise econômica iniciada nos Estados Unidos.

Além do preço do petróleo, a necessidade de se balancear a matriz de combustíveis e de reduzir a emissão de gases na atmosfera tornam o biodiesel estratégico. “É preciso investir em combustível alternativo ao diesel. O etanol será substituto da gasolina”, diz o pesquisador Antônio Bonomi, diretor do Centro de Metrologia em Química do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Haverá demanda em vários países que á desenvolvem programas de uso do combustível como aditivo no futuro. São os casos de Estados Unidos, China, Argentina, Alemanha, Malásia e Indonésia.

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Falta uma “cana”

O Brasil anteviu as perspectivas de mercado para o biodiesel há mais de 30 anos. O combustível foi concebido como alternativa ao diesel no final da década de 70, mesma época de surgimento do Proálcool. Mas o país não tinha condições favoráveis para produção de óleo, principalmente de soja, em larga escala – e o projeto foi paralisado.

Relançado em 2004, o Programa Nacional do Biodiesel não teve até hoje o prosseguimento desejado por produtores e governo. “Eu não diria que não deslanchou, e sim que está crescendo, talvez mais lentamente do que se esperava”, aponta o engenheiro agrônomo, Dilson Caceres, assistente agropecuário da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) do Estado de São Paulo.

O Programa passou alguns erros de percurso - alguns de ordem técnica e planejamento, mas principalmente problemas causados por instabilidade do mercado. “O contexto mudou rapidamente, com maior demanda por produtos agrícolas, elevando o preço das matérias-primas, óleos e oleaginosas. Isto faz cair o desempenho das empresas, uma vez que o negócio vem se tornando pouco atrativo”, opina Caceres.

No segundo semestre de 2008, porém, a situação percebeu equilíbrio, com mais empresas produzindo, em volumes maiores, e com preços mais vantajosos em relação aos custos de produção, aponta o analista Miguel Biegai Jr., da Cosultoria Safras & Mercado.

Mas os especialistas apontam que o grande entrave do programa é a falta de uma matéria-prima capaz de produzir maior volume de óleo/hectare a custos menores - a planta também deve ser pouco suscetível à variação dos preços observados no mercado de óleos vegetais. “O biodiesel ainda precisa descobrir a ‘cana’ dele, a matéria-prima que dê muitos litros por hectare”, explica Bressan.

O sucesso do etanol atualmente se deve em grande parte ao enorme ganho de produtividade obtido em décadas de pesquisa no Brasil. O biodiesel ainda está no início dessa curva de aprendizagem Apesar de o Brasil possuir mais de 200 espécies produtoras de óleo vegetal, e não obrigatoriamente oleaginosas, universo de matérias-primas explorado para a produção do aditivo fica restrito a três culturas em larga escala: soja, girassol e mamona.

Cada hectare plantado de cana no Brasil gera a produção média de sete mil litros de etanol. Atualmente, mais de 90% do biodiesel fabricado no Brasil usam o óleo de soja, cultura que não ultrapassa 500 litros por hectare.

Rogério Reis/Petrobras
Programa Nacional esbarra na matéria-prima: soja produz apenas 500 litros por hectare; cana gera 8 mil l de etanol por ha

“É preciso melhorar essa produtividade e da soja isso não vai ser possível. O setor tem que encontrar uma matéria-prima que atinja índices semelhantes ao do etanol para tornar o combustível viável. Se não conseguir, não atenderá nem a demanda mercado interno”, diz Bonomi. “Só depois disso poderá pensar em exportação”, completa.

Com a produtividade atual, seria preciso ter 15 vezes mais área para conseguir produção semelhante aos volumes registrados pelo etanol – o que também suscitaria discussões sobre competição com alimentos.

No início do programa, o governo acredito que a mamona poderia ser a matéria-prima ideal para oferecer maior rendimento por área cultivada com menos impacto na agricultura. Mas o óleo vegetal produzido a partir da cultura, além de render apenas 800 litros por hectares, apresenta viscosidade alta e dificulta a sua transformação em biodiesel – a planta ainda pode ser usada para a produção ricinoquímica e de sebo animal, cujos preços subiram muito nos últimos dois anos, tornado estes mercados mais atrativos.

O desafio brasileiro agora é identificar novas matérias-primas, por investimento em pesquisa, que possam ter apresentar maiores produtividade. “Obviamente, não precisaremos esperar quase 30 anos para que o custo de produção biodiesel seja finalmente menor do que o do diesel, como aconteceu ao etanol”, frisa Biegai.

Segundo o analista, os avanços da ciência permitem que, atualmente, as pesquisas possam caminhar de forma mais acelerada. Alguns pesquisadores acreditam que em 2010 ou 2011 o Brasil terá alternativas mais viáveis para diminuir um pouco a forte dependência do óleo de soja e sua volatilidade de preços.

O governo, por meio da Embrapa, pesquisa o rendimento das palmáceas. Estudos iniciais indicam que o dendê conseguiria obter de quatro a cinco mil litros por hectare.

Pesquisas da Rede Temática de Biodiesel do Ministério do Desenvolvimento Agrário indicam que outras quatro palmáceas - inajá, babaçu, macaúba e tucumã – apresentam alto teor médio de óleo, cerca de 40% (quanto da massa de uma determinada matéria-prima é formada por óleo). Essa concentração significa possibilidades de aumento de produtividade em relação à soja, que alcança no máximo 20%.

Caceres também acredita que a macaúba (cinco mil litros por hectare) e o pinhão manso (dois mil litros por hectare) irão se firmar como cultura quando passarem por programas de melhoramento e o Brasil dominar a tecnologia de produção destas espécies.

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Alga

Outra alternativa e grande esperança é o uso de algas. Pesquisas preliminares nos Estados Unidos mostram que é possível conseguir rendimento de 3 a 4 vezes superior ao desempenho do etanol por hectare. Estudos internacionais indicam mostram que algumas espécies de algas atingem teor de óleo de cerca de 50%.

O pesquisador do Departamento de Física e membro do Grupo de Biodiesel da Universidade de New Hampshire, Michael Briggs, calcula que a produção de biodiesel a partir do óleo da alga poderia se situar entre 7,7 mil e 23 mil litros por hectare.

A alga possui outra propriedade interessante para a produção de biocombustíveis: pode ser cultivada em áreas não usadas pela agricultura convencional de alimentos, como zonas áridas e ensolaradas e até desérticas. Ou seja, trata-se de uma matéria-prima não alimentícia e sustentável.

A produção também pode ser vasta. As algas apresentam características de multiplicação. A matéria-prima seqüestra o CO2 necessário ao seu crescimento e produz o óleo para ser usado na fabricação de biodiesel. A massa da planta tem capacidade de duplicação em um dia ou um dia e meio – a colheita pode ser diária.

Mas todas essas vantagens ainda são comprovadas apenas na teoria. O aproveitamento da alga para biodiesel é uma tecnologia que precisa ser desenvolvida e os estudos estão apenas no início.Alguns países - Japão, Estados Unidos da América, Israel, Alemanha, Portugal, Suíça, Argentina e Espanha – já pesquisam o uso das algas como matéria-prima para produção de biocombustíveis.

Os estudos mais avançados estão nos Estados Unidos, onde as pesquisas são realizadas desde 1996. As empresas norte-americanas Royal Dutch Shell e HR BioPetroleum apresentam o projeto mais avançado: já testam a tecnologia em escala demonstrativa e possuem um planejamento para a construção de uma planta-piloto na costa de Kona, no Havaí, EUA.

No Brasil, a iniciativa privada, empresas públicas, e o governo federal começam a investir no desenvolvimento da produção de biodiesel a partir de microalgas.  Uma parceria entre a Petrobras, a Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade Federal do Rio Grande prevê estudos sobre o uso da matéria-prima.

O Ministério da Ciência e Tecnologia e da Pesca e Aqüicultura e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgaram no final do ano um edital que tem como objeto o apoio a projetos de pesquisas que contemplem a aqüicultura e uso de microalgas como matéria-prima para a produção de biodiesel. A previsão de repasse é de R$ 4,5 milhões.

Se o Brasil conseguir desenvolver a tecnologia, terá resultados muito positivos. Segundo o engenheiro agrônomo, Décio Luiz Gazzoni pesquisador da Embrapa, para substituir por biodiesel os 40 bilhões de litros consumidos atualmente no país, seriam necessários apenas 235 mil hectares de algas.

Para isso, algumas dificuldades precisam ser transpostas. Uma delas é reunir em uma única espécie de alga todas as características desejáveis: crescimento rápido, alta concentração de óleo, capacidade de fixação de nitrogênio do ar, capacidade de competição com outras espécies, resistência a uma ampla gama de pH e temperatura, tipos de bioreatores, entre outros.

“Não vejo como atingir este objetivo sem investir, fortemente, no uso de ferramentas biotecnológicas para conseguir uma ou mais espécies de algas com todas estas características, concomitantemente”, descreve Gazzoni em artigo escrito recentemente.

Para Biegai, pode ser que alga se transforme na ‘cana’ do biodiesel, mas ele recomenda cautela com as euforias generalizadas que surgem no mercado – como aconteceu com a palma e posteriormente o pinhão-manso, cujos números impressionantes previstos não se confirmaram.

O analista acredita que os estudos com algas ainda demandarão alguns anos, porque precisam evoluir para larga escala. “Uma situação é fazer 1.000 litros em alguns metros de vidro, ou em canaletas escavadas no chão, e protegidas por plástico, e acreditar que aquilo vai se repetir ‘ad aeternum’ (para sempre). Outra é produzir 100 milhões de litros para tocar uma usina de grande porte”.

Segundo o economista José Nilton Vieira, do departamento de Agroenergia do Ministério da Agricultura, as necessidades do Programa Nacional do Biodiesel são conhecidas pelo governo, estão sendo pesquisadas e trarão resultados. “Mas é um projeto de médio e longo prazo”, afirma. “Nosso potencial é muito grande, e reafirmo: se existe país com condições ideais para produzir biodiesel, este local é o Brasil”, completa Caceres.

Divulgação/ HR BioPetroleum
Lagoa das algas na usina piloto HR BioPetroleum, em Kona, no Havaí: iniciativa pioneira em caráter demonstrativo
Cana transgênica pode aumentar produtividade do etanol em até 30%

Se já é ‘invejada’ pelos produtores de biodiesel atualmente, a capacidade de produção de etanol por hectare pode aumentar ainda mais nos próximos anos. Cada um dos 9 milhões de hectares de cana plantados atualmente no Brasil proporciona em média a produção de 7 mil litros de etanol. Além disso, cada tonelada de matéria-prima tem capacidade para gerar 230 KWh, dos quais 30 kWh são consumidos internamente e outros 200 kWh podem ser vendidos para as distribuidoras.

A médio prazo, quando o cultivo canavieiro deverá se aproximar de 14 milhões de ha e 1 bilhão de toneladas de cana - o que, antes da crise, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) previa para ocorrer em 2020 - a produtividade poderá ser ainda maior sem a necessidade de ampliação da área plantada. Esse deve ser o resultado observado por usinas e agricultores que experimentarem em larga escala as variedades transgênicas.

Ao cruzarem características genéticas desejadas de cada variedade, os pesquisadores conseguirão desenvolver espécies com mais massa (bagaço e palha) ou mais sacarose. Será possível até mesmo reunir as duas qualidades na mesma planta, acreditam os especialistas.

Não existe ainda no mundo nenhum outro país que produza cana transgênica. O Brasil está liderando esse projeto. Segundo o presidente da Unica, Marcos Jank, o setor sucroalcooleiro nacional tem muito interesse nesse desenvolvimento. “Essa é uma maneira muito importante de aumentar produção em um menor volume de terras. Mais eficiência na lavoura significa mais etanol para atendermos demandas futuras”, afirma.

Os pesquisadores buscam o desenvolvimento de variedades transgênicas capazes de aumentar a produtividade de 20% a 30%. “Esse é o alvo mínimo que buscamos para a troca da espécie convencional pela transgênica se tornar interessante para o agricultor”, afirma o diretor superintendente do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Nílson Boeta.

Além de aumento de produtividade, as pesquisas também pretendem chegar ao desenvolvimento de variedades mais resistentes à seca, a pragas e a doenças, características exigidas pela perspectiva de aquecimento global e mudanças climáticas no mundo.

Outro atributo desejado é a tolerância herbicidas. Se os pesquisadores conseguirem desenvolver essa possibilidade, a cana transgênica também poderia proporcionar redução de custos para as usinas e produtores. Por tolerar estresse hídrico e pragas, o uso de irrigação e aplicação de pesticidas teriam demanda menor em algumas regiões brasileiras.

A tolerância à estresse hídrico e a resistência à broca gigante, que diminui a produtividade a longevidade dos canaviais, são qualidades desejadas ainda mais por produtores do Nordeste . “A broca é uma praga sem controle químico ou biológico. Temos muito interesse em uma variedade tolerante a esse problema”, observa o pesquisador Djalma Simões Neto, presidente da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil – Regional Setentrional, de Pernambuco.

A cana transgênica também poderá suprir futuramente a possível necessidade de crescimento de produção em locais onde o crescimento da cultura está limitado por leis ambientais. É o caso de São Paulo, responsável por 60% da produção nacional de cana e etanol – o Estado deve terminar 2008 com 387,5 milhões de toneladas da matéria-prima processadas.

Para produzir esse volume, o cultivo da cana-de-açúcar ocupa 4,9 milhões de hectares em São Paulo. Mas, com o Zoneamento Agroambiental, que estabelece parâmetros para o desenvolvimento da cultura no Estado, a cultura pode crescer no máximo mais 3,9 milhões de hectares.

Segundo estimativas baseadas nos pedidos de licenças para novas unidades, até 2010 a área da cultura poderá chegar a 6,2 milhões de hectares. A partir da data, restariam apenas mais 2,6 milhões de hectares agricultáveis para cana. A cana transgênica permitiria crescimento vertical sem aumento de espaço.

Pesquisas com cana transgênica: variedades com mais massa ou sacarose ou maior teor de ambas as características

Outras vantagens e cronograma

No futuro, a transgenia poderá ser uma aliada de outro projeto do setor sucroalcooleiro. A produção de etanol de segunda geração, por meio de biomassa (bagaço e palha). A tecnologia exige variedades apropriadas. “A espécie tem que ser ereta, com equilíbrio entre biomassa e sacarose. Estamos trabalhando para desenvolver essa tecnologia”, afirma Boeta.

Para Jank, a cana transgênica ainda ajudaria o Brasil a desmistificar o debate sobre uso da terra para produção de biocombustíveis no país. “Se o desenvolvimento da cana transgênica não tivesse tantos empecilhos, a cultura não precisaria crescer tanto horizontalmente, teria aumento vertical em produtividade e não área.

Mas os produtores brasileiros que quiserem aproveitar as vantagens oferecidas pela cana transgênica terão que esperar pelo menos cinco anos. As pesquisas ainda estão em fase experimental no Brasil. Por enquanto, existem testes no campo e em laboratório promovidos por algumas instituições públicas e privadas.

Segundo o coordenador de biotecnologia da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor (Ridesa), João Carlos Bespalhok, os estudos poderiam estar mais avançados se a burocracia não dificultasse as pesquisas. Todos os laboratórios casa de vegetação e campos devem possuir certificado de biossegurança e autorização de testes emitida pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). “Mas esses procedimentos, embora necessários, tem levado muito tempo, atrasando a realização dos projetos”.

Outro problema, de acordo com Bespalhok, tem sido a interpretação de parte da lei de biossegurança. Um artigo da norma proíbe o uso de tecnologias genéticas de restrição de uso. “Por causa desse artigo, os trabalhos para produção de canas transgênicas que não floresçam foram paralisados no Brasil”.

Para o diretor de pesquisa e desenvolvimento do CTC, Tadeu Andrade, o programa apresentará resultados apenas no médio e longo prazo. “É difícil dizer quando teremos variedade comercial. Quando tivermos canas superiores desenvolvidas, ainda precisaremos passar pelo processo de aprovação dos órgãos nacionais de biossegurança. Esse processo deve demorar de quatro a cinco anos”, acredita.

Depois de desenvolvida a tecnologia, ainda há outro desafio. Os países importadores do açúcar nacional podem se opor ao produto fabricado a partir da cana transgênica. A aprovação e convencimento dos clientes será trabalhosa, aposta Bespalhok.

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