Desperdícios
O custo de implantação de uma nova lavoura de cana-de-açúcar se aproxima de R$ 4.000 por hectare. Deste volume, 5% (R$ 200/ha) são investidos em compra e aplicação de herbicidas. Em lavouras já existentes, os defensivos demandam aproximadamente R$ 90 por hectare – os insumos representam em média 8% do investimento em tratos culturais no caso de cana-planta e 20% em cana soca.
Segundo especialistas, é possível reduzir estes custos com metodologias que foquem a correta e direcionada tecnologia de aplicação. O procedimento deve ser planejado para evitar desperdício de produto, necessidade de re-trabalho e perda de produtividade. Os gastos também podem ser diminuídos com de uso adequado da água na etapa de preparação da calda.
Os pontos-chaves que podem contribuir para a redução significativa de custos com aplicação estão relacionados ao gerenciamento da atividade: definição correta do alvo a ser atingido, conhecimento do ambiente em que se vai trabalhar para determinar o momento ideal de aplicação, escolha do equipamento correto para tal tarefa, manutenção dos pulverizadores e treinamento adequado dos operadores.
“Seguindo de forma correta estes itens podemos aumentar a eficiência operacional do trabalho (reduzir volume de calda, aumentar a área tratada por dia, reduzir a catação nas áreas) sem diminuir o potencial produtivo da cultura”, explica o gerente de Cultura da Ihara, Eduardo Figueiredo de Andrade.
Os erros de aplicação representam uma fonte importante de desperdícios, que podem chegar a 70%, segundo pesquisadores e especialistas. Os equívocos causadores de tamanhas perdas ocorrem principalmente no dimensionamento e na manutenção dos equipamentos, muitas vezes sucateados, desregulados e descalibrados.
Estatísticas levantadas por diversos especialistas e compiladas pela RMS Assessoria Agrícola aponta que, em média, 86% dos pulverizadores em barra usados nas diversas culturas agrícolas brasileiras apresentam algum tipo de problema.
O uso de pontas de pulverização desgastadas e danificadas é o erro mais comum: acontece em 63% dos casos. Em segundo lugar no ranking dos equívocos, com 27% de ocorrências, está a falta de válvulas ou manômetros ou uso destes acessórios com gotejamento.
Considerando que as perdas podem chegar a 70% do custo de aplicação, a correção dos erros de aplicação pode reduzir os investimentos do custo total da cultura para 5 % em cana planta a 14% em cana soca. “O uso da tecnologia adequada aumenta a janela de trabalho, otimiza o maquinário e reduz os custos”, garante o coordenador de marketing de cana-de-açúcar da FMC, Marcus Brites.
Outros gastos
Os erros de aplicação também podem provocar perda de produtividade da cultura. Se os produtos forem pulverizados sem cobertura plena da área a ser tratada, o procedimento não atingirá níveis desejados de controle.
“São produtos aplicados que não farão efeito no canavial. Não é só o custo do tratamento que será perdido, mas também haverá menor produtividade pela falta de controle de pragas e doenças”, explica o professor Ulisses Rocha Antuniassi, da Unesp de Botucatu/SP.
Se a aplicação não for feita de maneira eficiente e o problema for percebido a tempo, o escape de plantas daninhas demandará re-entrada na área, o que vai aumentar o custo com uso de mais produtos e mão-de-obra adicional.
Uma correta aplicação reduz custos nesse sentido. O índice de re-trabalho nas usinas varia de 5% a 20% da área cultivada, ou seja, em cada 100 hectares tratados há em média de 5 a 20 ha que necessitam de uma nova aplicação para controlar alguma planta que escapou ao controle.
“Assim, a usina que fizer uma boa aplicação na implantação do canavial, por meio do uso dos produtos adequados, nas doses corretas e com equipamentos em boa manutenção, conseguirá reduzir o índice de re-entrada nas áreas, e consequente os custos”, explica Brites, da FMC.
A etapa de dosagem (para mais ou menos) também pode provocar prejuízo econômico. Se for uma dose inferior à necessidade de área haverá deficiência no desempenho do tratamento fitossanitário, com perda do produto aplicado e prejuízo no sistema produtivo.
Segundo o gerente de cana da Unidade de Proteção de Cultivos da Basf, Redson Vieira, caso o volume seja superior à dose programada, pode haver a intoxicação da cultura e investimento de recursos além do necessário.
Outra etapa fundamental é o preparo de calda. A correta diluição do produto é uma das chaves para a aplicação eficiente. “Durante o preparo da calda é fundamental que o usuário siga as recomendações da empresa ou do engenheiro agrônomo responsável para que se evite o desperdício”, reforça Brites. |