“Era da informação”
O mundo vive atualmente a “era da informação”. O poder está nas mãos de quem tem a informação no melhor momento, na certeza de sua veracidade e ao melhor custo, para transformá-la em conhecimento.
Cada vez mais no setor sucroalcooleiro, com a entrada de grupos estrangeiros no segmento, quem está fazendo a gestão vai precisar indicadores (performance, eficiência, qualidade) para tomar a decisão e administrar o negócio com eficiência.
Informação, visibilidade de processo, qualidade dos dados e controle não são mais opcionais tornaram-se vitais. “Atualmente dependemos de tecnologia para conseguir melhor qualidade e produtividade. Tornou-se necessário. Não é possível entrar no mercado globalizado se não tiver controle total da sua produção”, diz o chefe de automação do Grupo Zilor, Marcelo Antello.
Para atender essas necessidades, algumas usinas já estão buscando excelência em automação e Tecnologia da Informação, o que provocou uma mudança de postura nos profissionais responsáveis pela administração das empresas. Quem antes pensava apenas em produzir, hoje precisa produzir muito e com qualidade.
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César Cassiolato: “A automação deve ter foco no negócio” |
O comportamento exige gerenciamento integrado e automação do chão de fábrica ao nível corporativo, tecnologia para ter controle 100% da usina, 24 horas por dia, para agilizar o processo de decisão. “Há uma profunda preocupação com a instalação das redes corporativas, conectadas à rede de controle da planta fornecendo informação à ponta da pirâmide. Hoje, a automação não é mais dos instrumentos, é do negócio”, comenta Cassiolato.
Segundo o engenheiro Marco Coghi, Diretor Técnico da CBTA (Centro Brasileiro de Tecnologia e Automação), além da periodicidade, outro foco deve ser a qualidade da informação obtida, isto é, na garantia que a informação prestada pelo sistema é 100% segura e válida. “Não adianta o melhor computador, o melhor software para gerenciar uma informação se a usina não tiver certeza do que está medindo”.
O novo modelo de gestão do setor prevê a democratização das informações. Saber se a esteira metálica que conduz a cana até a moenda, o coração do processo, está parada já era rotineiro nas usinas. Mas agora as empresas querem saber quanto tempo a máquina ficou sem operação, quais os cinco principais motivos que causaram falhas, qual turno apresentou maiores problemas e quanto a interrupção representou de perda. “Esses são exemplos típicos de como a informação pode representar valor ao negócio”, aponta o gerente de Desenvolvimento de Negócios da GE Fanuc Intelligent Platforms, Antonio Cardoso Junior.
Disciplina chave
Para agregar valor ao negócio, a automação deve ser vista como “disciplina-chave” na conquista dos objetivos determinados por um planejamento estratégico da organização, um plano de ação que prevê implementações práticas focadas nos resultados que a diretoria da usina efetivamente cobiça.
De acordo com Coghi, se a automação for reconhecida e eleita como uma premissa estratégica da usina, ela deve nascer de um Plano Diretor PDA , que vai listar com os objetivos da empresa, os critérios de engenharia, os padrões para redução de prazos, os custos e a educação dos profissionais de sua manutenção pós-entrega da partida para operação.
O PDA prevê as melhorias e escalona a infra-estrutura de automação da planta até atingir o nível de excelência operacional desejado, mas essa proposta exige determinado nível automação inicial. “O que é realmente importante é situar no chão da fábrica os interlocutores inteligentes do sistema, que falem a linguagem digital e tornem a informação inteligível à base da pirâmide de controle. De outra forma a mensagem, não consegue fluir da base ao topo da pirâmide”, explica Cassiolato.
No momento em que as empresas estiverem buscando excelência operacional e já com grande porcentagem de automação do seu processo e depois de postos em operação cada um de seus projetos do PDA e do plano estratégico deve-se elencar os parâmetros “Indicadores-Chave de Performance” KPIs da Organização.
Esses indicadores permitem ao gestor saber se o processo está caminhando no rumo convergente das ações que o levam a atingir seus objetivos. “Acompanhar esses KPIs habilitam o gestor a acompanhar se seus objetivos estão sendo encontrados”, ratifica Coghi.
Através da digitalização, é possível acompanhar custos, produção, tecnologia adequada, qualidade total, investimentos, análise das exigências do mercado, além da utilização eficaz do tempo e simplificação das atividades para melhor rentabilidade.
Para isso, vários índices de performance podem ser levantados de acordo com a necessidade da gestão: redução de estoques; controle e integração dos processos industriais e de negócios; monitoração de rendimentos e eficiências; identificação e otimização de pontos críticos tudo em tempo real.
Quando a usina tiver relatórios e dados perfeitos para indicadores comuns como eficiência, qualidade e processos, em geral, poderá precisar de um sistema MES (Manufacturing Execution Systems), um software um facilitador da gestão de KPIs.
O MES é um sistema de informações operacionais com comunicação bidirecional entre o chão de fábrica e os sistemas corporativos. O MES foi desenvolvido para apoiar as estratégicas relacionadas direta ou indiretamente com as operações de produção e a gestão administrativa. “É um sistema de gestão automática da produção, que interliga a realidade do chão de fábrica ao sistema de gestão empresarial”, detalhe o gerente da Smar.
Conforme Coghi, o MES é uma solução de acompanhamento da execução da produção. “Acompanhar a execução da produção de açúcar é acompanhar o produto em suas várias formas desde o momento do preparo do solo, passando pelo plantio da cana, pela adubação, pela colheita, pelo tempo de queima, até o momento onde entregamos esse açúcar para o cliente em forma VHP”, exemplifica.
Além de promover independência de relatórios, o sistema armazena informações de uma planta por vários anos com possibilidade de confrontá-las em tempo real. O MES elabora históricos em forma de histogramas que mostram em escala ascendente ou descendente em qual fazenda, qual talhão, qual data, qual variedade, qual pH, qual índice pluviométrico, qual tempo de queima, a qual custo a usina observou a melhor eficiência ao transformar sacarose em álcool, por exemplo.
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